House Church


Cidadania


 

    A história da cidadania confunde-se em muito com a história das lutas pelos direitos humanos.

    A cidadania esteve e está em permanente construção; é um referencial de conquista da humanidade, através daqueles que sempre lutam por mais direitos, maior liberdade, melhores garantias individuais e coletivas, e não se conformam frente às dominações arrogantes, seja do próprio Estado ou de outras instituições ou pessoas que não desistem de privilégios, de opressão e de injustiças contra uma maioria desassistida e que não se consegue fazer ouvir, exatamente por que se lhe nega a cidadania plena cuja conquista, ainda que tardia, não será obstada. Ser cidadão é ter consciência de que é sujeito de direitos.

    Direitos à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade, enfim, direitos civis, políticos e sociais.

    Mas este é um dos lados da moeda. Cidadania pressupõe também deveres. O cidadão tem de ser cônscio das suas responsabilidades enquanto parte integrante de um grande e complexo organismo que é a coletividade, a nação, o Estado, para cujo bom funcionamento todos têm de dar sua parcela de contribuição. Somente assim se chega ao objetivo final, coletivo: a justiça em seu sentido mais amplo, ou seja, o bem comum.

Marcos Silvio de Santana

Fonte: www.advogado.adv.br


Nossa posição em relação ao Evangelho e Cidadania

    Inicialmente gostaria de destacar a questão do evangelho integral na perspectiva do Reino de Deus.
    Vejo que é relevante a reflexão quanto a que Evangelho está sendo anunciado.
    Primeiramente o que é o evangelho?
    É Deus trazendo as boas novas diariamente a um mundo desprovido e necessitado de vida.
    Ele é poder, alegria, paz, cura, vida abundante, é estar sob o juízo da Palavra de Deus, é muito mais do que religiosidade ou sistema de dogmas. O Evangelho é Cristo.
    O perigo de o Evangelho estar sendo reduzido apenas à mensagem de salvação. Evangelho que já não influencia ou transforma as realidades ecológicas, políticas, físicas, sociais, econômicas, pessoais, etc...
    Um Evangelho que não tem poder de mudar a realidade das pessoas, de tratar o às pessoas como seres humanos (gente).
    Em 1974 na Conferência de Lausanne, René Padilha já atentará para esses desvios, da visão fragmentada do homem e do evangelho.
    O chamado pacto de Lausanne – O evangelho todo, para o homem todo, para todos os homens.
    Que haja coerência entre a palavra falada e a palavra que se faz visível pelo testemunho cristão.
    Aí a necessidade de uma reflexão teológica critica e contextualizada com retorno ao evangelho bíblico. Que implicará na ação de Igreja para que Cristo seja o Senhor sobre tudo e todos.

    O sentimento que está em nosso coração é que temos que fazer mais.
    Entendemos que a Missão integral transcende o aspecto de simplesmente comunicar as boas novas, pois juntamente com ela em caráter exigente surge a necessidade de uma ação coerente com as palavras transformadoras do evangelho de Cristo.
    Vivendo a normose do dia-a-dia não é difícil de encontrar em nosso caminho crianças humildes , sem sandálias, camisa rasgada, com um aspecto de quem não toma banho a um bom tempo, pedindo esmola no semáforo.
    Isso nos leva a pensar como olhamos como igreja para essa realidade tão presente em nosso dia-a-dia. De que forma o evangelho alcançará esse tipo de gente, se é que sejam considerados como gente pele sociedade.
    Será que basta chegarmos para essa criança e dizer Jesus te ama, e lhe apresentar um evangelho de palavras que não condizem com sua realidade, ou precisamos reagir de forma concreta com ações que expressem a essência da palavra de Deus.
    Se não for assim estaremos reduzindo o evangelho de Cristo a somente a uma teoria sem sustentação prática.
    Devemos atentar para o desenvolvimento pessoal integral, isso é uma tarefa contextual, a evangelização tem que abranger todos os aspectos da vida humana, tanto pessoal quanto social, na esfera espiritual quanto material.
    “Todo o evangelho é o evangelho que mantém a unidade entre a fé e as obras”.

     Certa vez ouvi uma entrevista de Paulo Freire em que dava uma explicação sobre aquilo que é transcendente daquilo que palpável, referindo-se a sua fé. Ele dizia: “Eu não podia chegar lá a não ser a partir de cá, e se aqui é exatamente o ponto de partida e me acho para falar de lá, então é daqui que eu parto e não de lá.

    Usando o pensamento do sábio Paulo Freire para expressar nossa posição, e quando olhamos para história de grandes homens de Deus (Heróis da fé como: Lutero, John Wesley, Charles Spurgeon dentre muitos outros), podemos ver que suas teologias que influenciaram o mundo de suas épocas, estavam muito bem centradas em suas realidades existenciais e foi a partir delas que apresentaram o evangelho da salvação, que não só impactou os corações dos pecadores, mas também foi agente transformador da realidade em que viviam.

    Nós herdamos muito dos legados deixados por esses Arautos do Senhor.

 

 


 

Um tema atual – Vitimização e Desigualdade

 

Vejo que para entendermos a vitimização não poderemos analisá-la fora de um sistema de desigualdade e referenciais.

As desigualdades estão inseridas no cotidiano das sociedades e desempenham um papel de geradoras de vítimas das mais diversas formas.

Dizer que a vitimização e a desigualdade são faces da mesma moeda é entender que estão num mesmo contexto de ação e que de certa forma estão numa relação de proporcionalidade, i.e. quanto maior forem às desigualdades maior será o número de vítimas.

Entendo que as desigualdades são observadas mediante um sistema de referenciais que estabelecem o modo de ser e fazer das pessoas.

Os modelos, os gabaritos, os referenciais, fazem com que as pessoas vejam o diferente como anormal por estarem fora do padrão.

Exemplo disto é o “sistema opressor capitalista”, faz com que uma geração viva em face de um consumismo desenfreado.

Quantas vezes ouvimos a expressão: Tem que ser de “marca”... o tênis da moda, a cor da moda, o corte de cabelo da moda. Podemos observar o quanto de excludente tem nessas expressões.

Hoje pessoas ficam doentes, se deprimem se não possuírem o carro do ano, um computador de última geração, o celular que tem tudo, a TV da era digital, etc, etc... não que isso seja ruim em se ter, mas não poder se tornar algo opressor, doentio e que nos coloque em situação de inferioridade caso não tenhamos alguns desse itens.

Esse sistema cria espaços excludentes e colocam as pessoas na condição de vítimas.

Daí eu vejo a necessidade de uma análise sobre a vitimização.

Será que nesse contexto temos pessoas vítimas realmente ou será que são tituladas como vítimas pelo sistema opressor com o fim de auto-sustentar o próprio sistema.

 

 

 


Exclusão ou Inclusão precária

    Sempre quando discutimos a exclusão deixamos de discutir as formas pobres e insuficientes e até indecentes de inclusão.

    A sociedade capitalista exclui para depois incluir segundo as próprias regras.

    É aí que reside o problema: inclusão precária, marginal e instável.

    Esse período de transição da exclusão para inclusão que deveria ser transitório, nos padrões atuais de desenvolvimento, tem se tornado um modo de vida.

    Isso nos leva a pensa com relação às desigualdades. “Quem são as vítimas no pensamento do senso comum: é o pobre economicamente; é quem não sabe se defender; é o outro; é o louco; é aquele que está nas ruas num estado paranóico”.

    Creio que podemos ir mais longe, são aqueles que podem morrer sem que ninguém sinta a sua falta, são os marginalizados (mas que nas eleições votam), são aqueles que não são considerados seres humanos, mas recursos humanos, sem rostos, mas com braços (mão de obra).

    Creio que podemos resistir a esse sistema capitalista opressor com ações práticas a partir de reflexões como essas que realizamos neste fórum.

    Não devemos nos conformar com esse século, como a própria Palavra de Deus nos orienta fazer e que Deus tenha misericórdia de nossas vidas.